Dra. Cristiane Pertusi Psicóloga e Coach

ARTIGOS

Relacionamentos x Trabalho – pode ou não pode?

 Muitas vezes relações com maior intimidade traz incompatibilidade de conciliar papéis pessoal e profissional, diminuir a capacidade de discernimento e pode trazer prejuízos no desempenho de ambos.

Dra Crispertusi



O ser humano por sua própria natureza é um ser social e isso é facilmente observado no nosso dia a dia. Quando alguém, por exemplo, comete um crime, vai para a cadeia e fica isolado do convívio social. Mas, ainda assim, convive com outras pessoas. O castigo maior é quando colocam o indivíduo em uma solitária, privando-o de qualquer relacionamento. Precisamos criar bons relacionamentos com as pessoas que estão à nossa volta, esta é a natureza humana. Assim, nas empresas, procuramos manter bons relacionamentos com nossos colegas de trabalho, muitas vezes acabamos nos apaixonando e nos deixando envolver. É muito comum nos cercarmos de pessoas que estão na mesma condição que a nossa. Normalmente, vemos pessoas de mesmo nível hierárquico, mesmo departamento, almoçando juntas. Neste mesmo refeitório, vemos um grupo formado por gerentes. As pessoas aproximam-se, inclusive, pelas suas condições.

Muitas empresas querem evitar ter que lidar com possíveis constrangimentos e demais danos que isso causa ao ambiente de trabalho. Quando áreas pessoais e profissionais se misturam podem trazer, no mínimo, atitudes mais passionais e menos objetivas para os envolvidos e todos do ambiente de trabalho.

Culturalmente homens são predominantes na maioria dos cargos e tal função envolve relações de comando, poder e maior capacidade de influenciar, ‘manipular’ e envolver seus subordinados. Quando há envolvimento afetivo é possível que haja o comprometimento dessa imparcialidade nos méritos, nas oportunidades justas e quaisquer outras questões que envolva o par.

O tempo que as pessoas dispendem juntos no ambiente de trabalho é grande e isso permite maior proximidade, troca de experiências de questões cotidianas pessoais e profissionais e isso favorece que admiração e interesses surjam.

Um desempenho profissional com fronteira bem definida entre papel profissional e pessoal permite maior liberdade para um crescimento da carreira com mais legitimidade e credibilidade e liberdade.

Evidente também que o casal deve ter bom senso e compreender que, antes de mais nada, no trabalho deve haver profissionalismo, o que pressupõe um comportamento comedido e discreto, evitando demonstrações ostensivas ou explícitas de carinho, que podem até serem naturais para o casal no ambiente particular, mas que devem, por razões óbvias, serem evitadas no ambiente de trabalho.

Ninguém se espantaria ao ver um casal se beijando apaixonadamente, ou então a esposa sentada no colo do marido numa reunião familiar descontraída, numa festa ou em outro ambiente social informal. Mas as mesmas cenas seriam vistas de maneira muito diferente se ocorressem no trabalho, especialmente aos olhos de clientes, fornecedores, ou pessoas que não saibam da relação do casal.