Dra. Cristiane Pertusi Psicóloga e Coach

ARTIGOS

12 dicas para apresentar o namorado ao filho

 

Dra Crispertusi



Você conheceu uma pessoa e começou a sair com ela. Papo vai, intimidade vem e ambos percebem que a relação, sim, pode engatilhar! Então, é hora de oficializar essa união e namorar. Mas você tem filhos pequenos e se pergunta: como eu devo ‘apresentar’ o meu namorado aos meus filhos? Há um jeito adequado de fazer isso? E se eles o rejeitarem? Ou se ficarem com ciúme com essa nova rotina e com um ‘novo’ homem em casa?

A maneira como a criança reage depende muito de cada dinâmica familiar, do tipo de relacionamento mãe-filho etc. Mas há, sim, possibilidade de ciúmes, sentimentos de medo de perda da atenção e rivalidades. Sem contar a chance de mudança no comportamento dos pequenos mostrando agressividade, regressão, tristeza e ansiedade.

Outra observação é considerar a idade da criança e tratá-la de acordo, tanto na maneira afetiva como nas conversas, bem como na hora de explicar e se relacionar. O temor inconsciente dos filhos é de exclusão, rejeição ou mesmo perda do amor, entre outros sentimentos. Mesmo que pareça sem sentido no ponto de vista da mulher, é preciso compreender que, no universo da criança, esses temores são significativos e devem ser tratados com o devido valor infantil.

Procure fortalecer o vínculo com momentos entre vocês e jamais deixe em evidência que a criança ficará em outro lugar para não atrapalhar o namoro. Além disso, não exagere em querer que a criança fique abruptamente o tempo todo junto com o novo casal. Muito menos exija que o namorado passe a ocupar papel de pai substituto. Esses comportamentos podem piorar os temores infantis.

Duas pessoas separadas que decidem se envolver numa nova relação conjugal não devem, de maneira nenhuma, projetar essa relação como se fosse algo ‘só a dois’. Isto, claro, se houver filhos deles ou de um deles ainda criança. Essa nova relação deverá ser projetada, portanto, a três, quatro, cinco, etc., ou seja, de acordo com o número de filhos de ambos.
Estes filhos deverão fazer parte do novo casamento e serem aceitos incondicionalmente por ambos. Do contrário, essa nova relação têm fortes possibilidades de fracasso.
Alguns fatores podem acentuar ou atenuar a reação das crianças quanto ao novo namorado da mãe. Entre eles o fato da mãe já ter tido outros namorados antes desse, o tempo de separação dos pais, a idade do filho, a postura do namorado em relação à criança e mesmo a forma como esse homem trata a mãe.

A maioria dos filhos apresentam reações negativas quando sentem que seu espaço está sendo tomado de alguma forma ou quando o novo casal faz demonstrações de carinho – como beijos e abraços – na frente delas.

Uma estratégia para o novo namorado ser aceito pelos filhos é evitar impulsividade e disputas sem sentido entre o namorado e eles. É importante ainda compreender que tanto o namoro quanto a relação afetiva com os enteados deve ter um tempo de maturação, este que é variável e depende do estilo e maturidade de cada um.

Primeiro encontro não deve ser em casa
O ideal é que o primeiro encontro dos filhos com o novo namorado não seja realizado no lar deles. A casa é o lugar e a intimidade de vocês. Escolha um lugar onde os filhos se sintam à vontade. Um parque ou mesmo um shopping são uma boa pedida. Diga que você quer que eles conheçam alguém sem ainda o apresentar como namorado. Nada de alardes, encare como se fosse um encontro entre amigos. Após alguns encontros, onde todos estarão mais íntimos, você pode contar que ele é o novo namorado da mamãe.
Não extrapole os carinhos na frente dos pequenos
As trocas de carinho entre a mãe e o novo namorado devem ser feitas na frente da criança ou não? Dá para driblar os ciúmes dos pequenos? O casal não deve extrapolar os carinhos na frente do pequeno e muito menos exigir que o namorado passe a ocupar papel de pai substituto. É importante cautela, preservar os momentos do novo casal e poupar a criança de perceber seu mundo com abruptas mudanças.

Reserve as trocas de carinhos para a intimidade
Essas trocas de carinho entre a mãe e o novo namorado devem ser evitadas na frente do filho, principalmente, quando a criança deixa claro seu descontentamento. Driblar o ciúme é difícil, mas dá para amenizar se você reservar essas trocas de carinhos para a intimidade ou quando a criança não estiver presente. Tem que dar tempo ao tempo. Uma hora o filho se acostuma, mas o ciúme vai existir sempre.

Namoro não deve ‘excluir’ a criança
A criança pode se sentir rejeitada quando a mãe a ‘despacha’ para a casa do pai ou da avó para poder namorar um pouco? Com certeza!. Essa atitude pode reforçar nos pequenos seus temores inconscientes diante de posturas desse tipo.
Por esse motivo, a criança não pode deixar de ter seu espaço e seu momento de afeto com a mãe e nem sentir-se excluída. Pois, com certeza, demonstrará mudanças em seu comportamento que explicitarão sua angústia, tristeza e temores, caso isso seja percebido.

Divirta-se, mas deixe claro que o lugar do filho está assegurado
Há alguns sentimentos que não têm como evitar que os filhos sintam, e é até bom! Pois se trata de um treinamento para a vida, esta que sempre traz desafios! E a criança tem de saber que ela não é a única prioridade na vida da mãe.
A mãe tem o direito de se divertir e de tentar um novo relacionamento. Mas, para isso, precisa de tempo para si, principalmente no início de um namoro. No entanto, a mãe deve conversar muito com o filho e deixar claro que seu lugar está assegurado, que ela vai sair, mas volta… e sempre voltará! Que não vai deixar de amá-lo.
Parece óbvio, mas não é. A insegurança invade o coração e a cabecinha dos filhos nessas horas e o conforto das palavras da mãe pode ser um bálsamo para a alma. Isso deixa o filho mais seguro e menos ansioso.

Homens com dificuldade de estabelecer vínculos afetivos podem fugir de mulheres com filhos

Não dá para dizer que há um único perfil de homem que costuma ‘fugir’ de uma mulher quando ela conta que tem filhos de outra relação. Mas podemos dizer que se encaixam nessa categoria os homens com maior dificuldade de estabelecer vínculos afetivos, ou mesmo os que já são pais e sabem o quanto uma criança pode envolver-se afetivamente.
Filhos devem ser inclusos desde a fase do namoro
Os filhos devem fazer parte da nova relação da mãe desde o namoro. Na verdade, ainda na fase do namoro, das descobertas e das conquistas, os filhos também devem fazer parte da equação, bem como serem descobertos, cortejados, namorados e conquistados.



Evite ainda impor regras diferentes das que eles estão acostumados
As estratégias, tanto para a mãe como para o novo namorado ganharem a confiança do filho do parceiro, passam pelo afeto e pacîência. Tente conquistar a criança com afeto e demonstre interesse genuíno nos seus feitos. Os pequenos percebem falsidade, cuidado! Isso é um processo que leva tempo, portanto, exige calma, paciência e requer constantes ajustes. Não queira disputar espaço com os filhos ou terá de fazer a ‘coitada’ da mãe ter que mediar conflitos entre filhos e parceiro o tempo todo. Isso é lamentável! Evite impor regras diferentes das que eles estão acostumados: vá com calma, não queira parecer um intruso. Deixe claro que veio para somar, para trazer felicidade para a família e não problema.

Determinem as rotinas no lar da nova família
O passo seguinte é o planejamento sobre as rotinas no lar da nova família. É importante que as regras sejam claras e que o casal discuta detalhes como, por exemplo, quais as responsabilidades de cada um em relação aos filhos e enteados; além dos limites nas ações disciplinares do padrasto ou da madrasta para com o enteado. E, principalmente, que comunguem valores e que sejam cúmplices no que diz respeito ao papel de cada um na relação com o filho do outro.

Novos conflitos devem ser discutidos pela nova família
Os conflitos que forem surgindo ao longo da nova experiência deverão ser discutidos em família com muita tolerância e respeito às diferenças, além do humor, diálogo e igualdade para todos no quesito tratamento. Lembrem-se: as crianças são fieis aos pais biológicos, portanto, o tratamento à mãe ou ao pai delas deverá sempre ser de respeito, independentemente da existência de conflitos entre o antigo casal.